Algumas informações
interessantes sobre a utilização de homens com deficiências
físicas nas atividades domésticas e nas profissões
mais sedentárias, como a selaria, sapataria e ferraria, dentro
da sociedade das amazonas, são transmitidas por autores clássicos,
dentre os quais cumpre destacar Strabus, Heródoto e o próprio
pai da medicina, Hipócrates.

"Amazonenjagd",
de autoria de
Adolf Von Hildebrand (1847-1921) |
Como é amplamente
sabido, segundo lendas, as amazonas eram mulheres guerreiras,
sempre montadas em cavalos treinados para a guerra que, originárias
da região de Anatólia, na Grécia, habitavam
a região da Capadócia, perto do Mar Negro, muitos
séculos antes de Cristo. Dentre seus mais notórios
feitos, destaca-se o fato de que chegaram a colaborar com o rei
Príamo, contra os gregos, na muito famosa Guerra de Tróia
e invadiram Atenas, quando foram destruídas pelos exércitos
do rei Teseu.
A etimologia da palavra
"amazonas" não é muito precisa. Na medicina
"amazona" quer dizer "sem seio". Há
autores que afirmam que o termo é uma antiga composição
grega com o mesmo sentido. As histórias e lendas relatam
que as mães superaqueciam metais e outros objetos para
deixá-los durante longo tempo bem próximos ao seio
direito das filhas, durante a fase mais aguda de seu crescimento
e desenvolvimento, dificultando com isso o seu crescimento. Davam,
com isso, a cada uma delas, quando adultas, melhores condições
para desempenharem sua aspirada atuação como guerreiras,
tendo menores dificuldades para o ágil e perfeito manuseio
do arco e da flecha.
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As lendas relatam que na sociedade das amazonas, como as mulheres
engravidavam devido a contatos com guerreiros capturados de outras
nações, as mães mantinham sob seus cuidados
apenas as meninas, remetendo os meninos para os respectivos pais,
se ainda fossem vivos, ou tomavam providências que foram
relatadas por Hipócrates em sua obra a respeito das articulações
do corpo humano:
"Contam que as amazonas provocavam, desde a infância,
em seus filhos do sexo masculino, uma séria luxação
nos joelhos ou nos quadris, com o objetivo óbvio de transformá-los
em coxos e de impedir que os homens conspirem contra as mulheres.
Servem-se elas depois desses deficientes como trabalhadores, para
as tarefas de sapateiro, ferreiro e outros ofícios sedentários.
Não sei se a referência é verídica,
mas o certo é que as coisas seriam mesmo assim, se essas
crianças fossem mutiladas desde a infância"
(Apud Moreno - La Medicina en la Mitologia Greco-romana")
Está claramente implícita
na afirmação de Hipócrates a constatação
de que, de fato, na Grécia de seus dias já estava
plenamente estabelecido que pessoas com deficiências físicas
faziam trabalho sedentário ou de natureza mais leve.