Os critérios para
analisar a questão face às pessoas
com deficiência que desejam ou precisam trabalhar não
podem ser diferentes, mas encontram dificuldades muito marcantes.
Os maiores obstáculos para a participação
efetiva das pessoas com deficiência no mercado de trabalho
não são apenas questões ligadas à disponibilidade
de tecnologia assistiva,
acessibilidade, oportunidade
ou respeito às leis que as protegem. A despeito disso tudo,
a falta de preparo de quem procura uma vaga e a desinformação
de muitos daqueles que as oferecem são problemas palpáveis.
Sob o ângulo empresarial, tem sido muito notório que
profissionais de Recursos Humanos ficam um tanto quanto constrangidos
ao entrevistar pessoas com deficiências sobre as suas necessidades.
De outra parte, chefes e supervisores ficam inseguros ao saber que
terão pessoas com deficiência em sua área.
Por outro lado, o nível de escolaridade e de preparo para
a vida de trabalho da maioria da população com deficiência,
no Brasil e em muitos países do mundo, tem sido baixíssimo,
supondo-se por isso mesmo que muitas vezes inexistem as condições
básicas de empregabilidade.
Se considerarmos o universo das pessoas com deficiências
físicas, sensoriais, orgânicas e/ou mentais, como um
todo, notaremos que, devido à grande diversidade dos problemas
existentes, tanto causados por lesões incapacitantes, quanto
pelos muitos preconceitos e bloqueios existentes dentro de nossa
sociedade (além das circunstâncias adversas de vida),
tem sido muito difícil pensarmos em empregabilidade,
conforme defendida pelo mundo empresarial moderno.
As equipes que trabalham no atendimento de pessoas com deficiência
ficam com a sensação de que estão, de fato,
almejando a empregabilidade e a inclusão social, mas mantendo
uma luta contínua para separar o mito da realidade.
No entanto, o que observamos é que a grande luta das agências
de colocação e dos programas especializados não
tem sido aprofundada no sentido da empregabilidade das pessoas com
deficiência, mas tem gravitado em torno de vagas, de empregos
- pura e simplesmente.
Correspondendo a um elemento por vezes facilitador, nossa legislação
viabiliza a vaga para pessoas com deficiência, dentro de percentuais
claramente estabelecidos. O
decreto 3298/99 estabelece que as empresas com 100 ou mais empregados
estão obrigadas a preencher de 2 a 5% de seus cargos com
beneficiários da Previdência Social reabilitados ou
com pessoas com deficiência habilitadas, nas seguintes proporções:
Até 200 empregados: 2%
De 201 até 500 empregados: 3%
De 501 até 1.000 empregados: 4%
Mais de 1.000 empregados: 5%.
O que acontece com muitas pessoas com deficiência? Devido
à falta de vivência anterior, à sua necessidade
de estar alerta quanto a preconceitos, a uma insegurança
contínua para resolver problemas, a uma independência
pessoal precária, ao desconhecimento dos requisitos da vida
de trabalho, a uma falsa idéia de direitos adquiridos ou
de fictícios direitos adicionais devido a uma deficiência,
não se saem bem na vida de trabalho.
Há estudiosos do assunto que acenam para modernas tendências
destinadas a solucionar os problemas e as questões levantadas.
Para pessoas que vivenciam esses tipos de frustração
(ou nem têm coragem de enfrentar o desafio) existem alguns
recursos. É preciso lembrar, por exemplo, que desde o final
do século XX existem programas de reabilitação
profissional.
Existem indicações muito realistas e ponderadas quanto
à necessidade, por exemplo, de se acenar com alternativas
de trabalho, que se apresentam como um verdadeiro manancial
de possibilidades de formas inovadoras de trabalhar.
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